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Foto do escritorMateus

Perfídia

Sinto que lá fora estão me olhando,

Observando cada passo,

Cada erro,

Cada oportunidade de queimarem esta savana.

 

Cortaria alguns pescoços pela minha segurança.

 

Laminaria algumas destas cerâmicas quebradas

Para servirem de arma branca

Nessa guerra espiritual e moral que eu criei

 

Neste Armagedon sou a meretriz,

Sou o Anticristo

Sou o falso profeta

Sou a trindade diabólica encarnada.

 

Vestir estes nomes talvez seja contundente

Com a imagem que já fizeram de mim

Não há nada que possa fazer para mudar

Já havia sido condenado nos primeiros segundos

Dessa revolução.

 

Carregar o peso do mundo nas costas dói,

Dói também não ter com quem dividi-lo.

Assim sigo,

No caminho, descalço, de terra e pedras.

 

Os pés sentem o peso do corpo,

Da língua,

Dos olhos,

E dos ouvidos.

 

Daquilo que não se diz.

 

Caindo, e levantando,

Às vezes perdendo parte da bagagem no caminho

Mas sem chance de recuperar.

 

Se logo a frente encontrar um lago,

Ou um rio, ou um córrego,

Temo esquecer tudo e me jogar,

 

Deixar que as águas, limpas ou não,

Levem tudo,

Simbolicamente,

Me fazendo renascer,

Quem sabe mais feliz,

Quem saber sem todo esse sofrimento.

 

 

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