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Foto do escritorMateus

Mar Morto

E aí, você simplesmente andou.

 

Eu vi de relance você ir e vir,

Todo santo dia – toda santa hora.

Meu coração palpitava esperando que trocássemos ao menos uma palavra.

Mas meu orgulho jamais permitiria me render dessa forma.

 

No fundo torcia para que me amasse,

Que se arrependesse de não ter se esforçado,

Mas parecia que a vida seguiu em frente.

 

Quanto mais os dias, as horas e semanas iam,

Segredos e mentiras se revelavam

Como o Sol quente do mediterrâneo,

Queimando e iluminando tudo e me devastando no caminho.

 

Me contaram sobre seus outros casos,

Das outras pessoas com quem se envolvia.

Queria te dizer que chorei cada noite por você,

Cada mentira valia dezenas de lágrimas.

 

Lembro-me de em uma dessas ocasiões

Em que não podia chorar.

 

Minha irmã do meu lado, pessoas do meu lado,

Eu estava prestes a desabar.

Sentia o vento - um daqueles fortes antes da chuva - tocar meu rosto,

Ele me conteve.

 

Cheguei em casa, entrei no banheiro e como se tivessem me dado permissão,

Chorei.

Chorei. Daqueles choros de envermelhar o rosto, inchar os olhos, entupir nariz.

E fui dormir.

 

Acordei.

Acordei com esperanças de que se arrependesse.

Maldito sentimento.

E depois me deu mais motivos para chorar.

 

 

 

 

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