Filho
Com sete anos me enrosquei em cobertores de estranhos,
Sentia o cheiro de suor no tecido e na cama,
Mas era calado pela opressão.
Olhei a janela desta casa,
Após tentar montar um quebra-cabeça,
Vi como os jovens se reuniam,
E felizes, tiravam uma fotografia.
Esquisito olhar para trás,
E me ver na terceira pessoa,
Quero chorar porque sinto uma pena daquela criança.
Tão sozinha, frustrada e triste.
Lembro-me de quando me usaram,
Como um brinquedo descartável e
Qualquer.
Lembro-me das conversas de fora,
Questionando e supondo o que
Era.
Com quinze anos escondi o meu rosto,
Com um capuz preto cobri minha face.
O mundo era iluminado demais
Para alguém que só havia conhecido as
Trevas.
Escrevi-me um lembrete de afeto,
Como um recado de que eu me amava,
Iria me lembrar todo aniversário,
O quanto eu me era importante.
Até hoje recebo o recado,
E apesar das palavras erradas
Eu sinto o amor
Mais real que existe:
O amor próprio.
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