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Foto do escritorMateus

Filho

Com sete anos me enrosquei em cobertores de estranhos,

Sentia o cheiro de suor no tecido e na cama,

Mas era calado pela opressão.

 

Olhei a janela desta casa,

Após tentar montar um quebra-cabeça,

Vi como os jovens se reuniam,

E felizes, tiravam uma fotografia.

 

Esquisito olhar para trás,

E me ver na terceira pessoa,

Quero chorar porque sinto uma pena daquela criança.

Tão sozinha, frustrada e triste.

 

Lembro-me de quando me usaram,

Como um brinquedo descartável e

Qualquer.

 

Lembro-me das conversas de fora,

Questionando e supondo o que

Era.

 

Com quinze anos escondi o meu rosto,

Com um capuz preto cobri minha face.

O mundo era iluminado demais

Para alguém que só havia conhecido as

Trevas.

 

Escrevi-me um lembrete de afeto,

Como um recado de que eu me amava,

Iria me lembrar todo aniversário,

O quanto eu me era importante.

 

Até hoje recebo o recado,

E apesar das palavras erradas

Eu sinto o amor

Mais real que existe:

O amor próprio.

 

 

 

 

 

 

 

 

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