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Foto do escritorMateus

Bem aqui. Algum lugar.


Me chame pelo nome,

Não o conhecido, mas o sussurrado em teus ouvidos.

Venha para saciar minha fome,

Decifre meus segredos enquanto teus olhos me consomem.


Olhe para dentro, veja-se no deserto, nas ardentes areias que queimam os meus pés.

Observe como é inquietante o anseio por respostas, mas ainda sedutor o desejo pelo que é incerto.

O Sol me incendeia e queima minha carne. Em ossos fico exposto, em nada já me resto.

Fique nu a céu aberto, e desnude os seus medos, erguendo o teu cedro.

Julgue e condene, prometa estar perto, meu sagrado está no fogo, mas fluo como o Nilo no deserto.

Sua tempestade é minha cheia, suas gotas fertilidade.


No horizonte, além das dunas,

O manto que te cobre, e oculta teu rosto, é o mesmo que protege a semente em teus braços.

Refaça o caminho, toque as paredes invisíveis, guiando essa história com suavidade no declínio.

Note que o em breve o Sol já partirá, o tempo tudo transforma, a areia engole os passos.


Das cinzas que voam com o vento, reergo-me acompanhado de orquídeas, sem pétalas ou cerdas.

Transcendo o consciente, tornando-me tudo e nada.

Sou mais do que promessas, anseio mais que intentos.

Exponho-me à oratória da culpa e do erro, moldando quem sou hoje.

Arrisco minha imagem pela única verdade: beber da minha essência.


A paixão que é senciente também é agradável,

Mas no jogo "agora ou nunca", seja coragem, tenha verdade.

Semeie os caminhos já traçados pelos lábios que ecoam palavras doces e férteis.

Lágrimas escorrem, que regam o solo seco e amargo do rosto apagado.

Recomponha-se, deixe que as verdadeiras palavras o vestirão, como mel que escorre da boca do insaciável.


Cante meu nome,

Como se ecoasse em teus sonhos.

Pegue a agulha de ouro e prata, venha e costure,

Mergulhe-a em mel também em flor de hibisco, nutrindo o desejo na tua mesa já exposta.

Não me oponho ao teu doce, nem ao teu fel me recuso.

O que mais há de se fazer?

Nas paredes do meu quarto, rompo o véu da noite, além do improvável.

Vou ao teu encontro na escura madrugada, molhando teus lábios com serenidade e afoiteza.

A desconfiança em teus olhos soa como alerta, mas o calor da pele é abstração da beleza.

Juro-te algumas canções, ofereço-te pertencimento.

Sinto o possível recuar por orgulho e sentimento, mas agora estamos dentro, mais rápido que lento.


Desenhe meu nome,

Como um sigilo.

Levante-me pelos montes, proteja-me do perigo.

Fale sobre verdades há anos escondidas.

Restaure confiança outrora já perdida.

A pele exala incenso, o campo cheira a jasmim.

Semeie a semente que está adormecida.

Bem aqui, algum lugar, renascerá em mim.


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